sexta-feira, 29 de maio de 2009

Colorido do amor


COLORIDO DO AMOR

O mel desses cabelos
Ouro que reluz toda manhã
O céu ... e pertinho as estrelas azuis
Bom dia, meu bem!

O corpo matéria prima
Fogo que incendeia
Mútuos anseios
Primeiro o olho aceso
Acende e satisfaz

A janela entreaberta
Os sonhos entrando já de manhã
As crianças na rua, a mesa, a maçã
E as mãos despindo o desejo em comum

A porta de casa
Assiste quem passa
Só passa você
As cores da cama desfeita
Bagunçam a cabeça e as palavras


Embaixo do preto, tem rosa e vermelho
Não me pergunte por quê
No meio, o amarelo conduz o desejo
Explica a que veio
E o peito comporta
O que não tem tamanho e nem cor

Bjota - 2006

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Se eu quiser falar com Deus...


Se eu quiser falar com Deus...
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data

Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar decidido pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Gilberto Gil - 1980

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Obrigado


Gostaria de agradecer as pessoas mais presentes neste blog. Obrigado pelo incentivo, estímulo, cobranças quanto aos novos textos, críticas, elogios, desacordos, enfim. Agradeço de coração a visita de todos e aproveito para lembrar que o blog é um espaço "nosso" e não meu. As portas estarão abertas a todos que quiserem propor novas discussões, textos, enquetes, passa-tempos ou que quer que seja. Afinal, sem a presença de vocês o blog perde toda a sua razão.

Em São Paulo agradeço a Celina, "Cê-rinhosa" pelas visitas periódicas. Nos tempos de "marasmo criativo" penso nas suas cobranças e me ponho a escrever...

Em Barcelona agradeço a Dra. Mônica, pelo apoio, amor, puxões de orelha e torcida. Te echo de menos joder!

Em Munique, agradeço ao carinho e as palavras inspiradas da Flora. Tinha me esquecido daquele verso Flora, foram tantos anos e você guardou! Grata surpresa! Me emocionei...

Em Belo Horizonte agradeço a minha querida Cecília cuja alma é de artista, tenho certeza. Aninha Borges pelas palavras ou melhor dizendo: os versos! Porque você não cria um blog só seu? Tácio pela visita e elogio, mesmo sendo desconhecido. Rachel, como boa geminiana adoro suas inteligentes intervenções e as propostas para discussões sadias e contraposições sinceras. Este espaço também é seu. Bianca Tomich: você devia postar algum comentário no blog ao invés de enviá-los para o meu celular! Marco, saber que você usuou 2 frases do blog em uma discussão com a sua namorada me causou espanto! Manual de consuta, agora? Em casa agradeço a "dona Lucinha" você chorou mesmo lendo algum texto? Isso é bom ou ruim?

Em Poços de Caldas agradeço a Lauana que tanto divulga "Versos Sem Rima".

Em Divinópolis Bruninha, obrigado. Lembre-se: discordar é preciso. Duvidar não é pecado, pode ter certeza.

Em Curitiba agradeço a Aninha. Atenciosa, direta e precisa! Como sempre...

Deixo registrado os blog´s de Júlia Zuza (prefiro Zuza Júlia tenho mania de apelidos). Suas poesias tem gosto e aroma. Me lembram vovó Cora Coralina. Cada página, uma broa e a sensação do "hummm" que desce pela garganta e se acomoda no peito. E ao inspiradíssimo blog "Coração na boca" da Fernanda Mello. É uma honra e prazer receber um elogio da "mulher de frases e fases". Mineira, letrista, poetisa. Com os dedos sempre nas teclas ou canetas você escreve poesia e a gente rabisca na alma belezas com os versos que lê.

Me inspirei no talento de vocês e aprendo muito com a poesia feminina, com essa polaridade energética que há de ser fio condutor dos novos tempos neste planeta!

Por fim, agradeço a todos que ainda não se manifestaram mas passeiam pelo blog. É um prazer receber a visita de cada um de vocês! Tenham certeza disso. Um muito obrigado especial a Ana Paula minha colega de trabalho que acompanhou e dirigiu a criação do blog. Ana o primeiro passo foi seu e a você meu sincero obrigado. A internet agradeço a possibilidade de ir tão longe, chegar a terras quase inimagináveis e sequer visitadas levando meus pesamentos, loucuras e devaneios.

"Um verso é uma forma mágica e sem receita que não apenas satisfaz, vai além e encanta"

Bjota

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Letra e Música


Letra e Música

Tem músicas que a gente escuta e sobe um calafrio pela espinha, desce um nó pela garganta, estaciona no coração um aperto que assusta pelo tamanho que ocupa. São as formas que o inconsciente encontra para expressar suas necessidades e muitas vezes uma música é capaz de nos lembrar o valor de uma pessoa, um local, de uma época da vida que se perdeu e a perda forma amargas, mas também doces imagens na memória.

Existem músicas que literalmente falam conosco. Por exemplo: quando eu ouço “preciso dizer que te amo” do Cazuza, meu coração agradece. Pra cada batimento cardíaco, uma batida de palmas! Acelerando os batimentos, meu inconsciente se comunica comigo através dessa música. Cada verso reaviva na memória e no coração a imagem de um grande amor cuja trilha sonora era essa canção. Voltam lembranças, cores, consigo sentir o cheiro daquela paixão. Fotos, filmes, vídeos também tem esse poder. Mas nada se compara ao efeito que uma música alcança, quando ela toca fundo.

“E até o tempo passa arrastado, só pra eu ficar do seu lado. Você me chora dores de outro amor, se abre e acaba comigo. Mas nesse novela eu não quero ser seu amigo...não, não...”
Tudo bem, Cazuza era às vezes exageradamente genial! Mas Chico, Gil, Caetano, João Bosco, Lennon, “Miltons e seus tons” também são geniais! E se a gente fizesse um abaixo assinado pra transformar letra de música em matéria escolar? Como matemática, português e geografia.

Já posso ver a professora na sala: “meninos vamos falar de um sentimento muito presente no mundo moderno, na vida do homem adulto: a tristeza. Em termos musicais nos Estados Unidos eles classificaram a tristeza como blues. No Brasil a gente chama: dor de cotovelo, samba-canção. Meus alunos quero que vocês me digam de quem é este verso e o que ele pode significar:
“se lembra quando a gente... chegou um dia a acreditar. Que tudo era pra sempre, sem saber... que o pra sempre, sempre acaba”

Ao estudarmos letras de música nos aprofundamos em poesia, filosofia, sexualidade, em arte. Chegamos ao ponto crucial da vida: o ser humano e seus sentimentos. Por isso eu acho que em vez de votarem a CPI do Castelo ou da Petrobrás, o Senado poderia fazer algo de útil e aprovar letra de música como matéria escolar.

Podemos também encaixar “história” dentro das sub-matérias em que letras de música se dividem. Eu escutei “Since i´ve been loving you” do Led Zeppelin e não sabia se chorava ou ria. Na dúvida, fiz os dois. Ao mesmo tempo! Fui procurar mais sobre o blues inglês e descobri que o povo celta que originou a Inglaterra, era formado por tribos guerreiras que entoavam cantos fortes juntando sons da natureza aos instrumentos musicais. Nesta noite fui dormir e orei por Robert Plant e Jimmy Page. Agradeci a eles por terem feito essa obra de arte. Rock também é arte.

Ainda na Inglaterra e outra vez por causa de uma letra de música, acabei enveredando por outro assunto. Psicologia. Li em uma entrevista que Brian May, guitarrista do Queen, escreveu “Who wants to live forever” a principal música da trilha sonora do filme “Highlander” dentro do quarto de um hotel, após ler o roteiro do filme. Primeira leitura: ele não enxergou o óbvio. Que o filme trata de guerreiros que se matam até sobrar um único imortal. O pano de fundo da história se passa numa tribo celta, onde uma jovem se apaixona perdidamente por um highlander e luta bravamente por esse amor (lembrem-se os celtas são guerreiros), mas ela envelhece e morre. Brian então sabiamente nos pergunta no título da canção: “quem quer viver para sempre”?

Cristofer Lambert, o highlander imortal por quem a jovem celta se apaixona então brada no filme: “não vou mais me apaixonar, serei forte como uma rocha”. Essa frase ficou ecoando na minha cabeça e descobri na psicologia que essa tendência se chama: “indiferença emotiva”. É uma defesa. Se você não ama ninguém, não tem nada a perder. Mas convenhamos, não dá pra ser forte como uma rocha porque uma rocha não sente dor!

O que seria da poesia, escultura, cinema e das nossas letras de música sem a dor? Quando você sente na pele do que a dor é capaz, você se permite mudar. Essa é a ordem natural da vida.
Voltando as letras e as músicas: boogie oggie (uma disco song de fins dos anos 70) eu escutava de dentro da barriga da minha mãe. Devo ter escutado tanto que nasci sem cacuete nenhum pra dança. Mas outro dia ela tocou no carro, eu encostei (sou politicamente correto), liguei pra minha mãe e disse: “obrigado por me colocar nesse planeta, eu te amo”. Música além de tudo, faz a gente ficar mais emotivo.

No cinema você pode assistir ao filme: “Letra e Música” com Drew Barrymore e Hugh Grant, todos encantos e desencantos dessa mágica parceria. A internet também se rendeu a este assunto: http://www.vagalume.com.br/ . Basta você escolher o autor ou a canção e se deliciar. Eu passo horas “estudando”. Comecei pelo capítulo nacional e fui em todos os gêneros: Ivan Lins, João Bosco, Guilherme Arantes, Djavan, Lenine, Arnaldo Antunes, Paulinho Moska, Pedro Luís e a Parede, Jota Quest, Skank, Barão Vermelho, etc...

Outro dia tentei desvendar a música “O que será, que será” do Chico. Dentro de uma perspectiva mais racional, eu queria entender se ele está falando de amor ou sexo, ou dos dois o tempo todo ou em tempos distintos ou se havia um terceiro assunto escondido. Mas de repente ele escreve: “O que não tem decência nem nunca terá O que não tem censura nem nunca terá O que não faz sentido”

Aí eu desisti da idéia porque obviamente, não faz sentido. Mas em compensação descobri que “Drão” é o nome de uma ex mulher do Gilberto Gil, que “Menino do Rio” Caetano fez em homenagem a um surfista carioca que fazia “estragos” no Rio de Janeiro dos anos 80, que você pode saber mais da vida do artista sem precisar comprar a revista Caras. Basta ler e escutar com atenção as letras, porque toda letra tem algo a dizer.

Tem letra que diz alguma coisa no MSN, no Orkut, na pichação no muro da sua rua ou na lataria do ônibus que você pega num dia triste, infeliz, daqueles que a gente nem deve sair de casa. E nesse mesmo dia, na hora do almoço, no banheiro do buteco você lê rabiscado em português errado:

“A umanidade é desumana. Mas ainda temos chance, o sol NAISCE pra todos. Só não sabe quem num quer”

A psicologia diria que esse “contato” foi feito pelo seu inconsciente. O espiritismo diria que foi um espírito do bem, o catolicismo afirmaria; foi seu anjo da guarda. Eu te digo: não importa de onde vem o contato, entenda que a vida tem suas regras e uma delas é te surpreender!

É por essa falta de sensibilidade e percepção das pessoas que eu ando um pouco cansado da vida adulta e de seus afazeres, então no meu rádio atualmente anda tocando a trilha sonora do passado. Volume máximo para reavivar tempos mais suaves, mais alegres, quase inocentes. Pensando nestes momentos, me lembrei do meu pai ouvindo João Bosco em casa, tomando um bom wisk no bar e resolvi ir fundo nessa viagem. Comecei a “estudar” e estudar João Bosco e achei uma música que definitivamente foi feita pra mim. Pelo menos se eu levar em conta meu atual estado de espírito.

“Ninguém tira do amor, ninguém tira, pois é Nem doutor nem pajé, o que queima e seduz, enlouquece O veneno da mulher O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia, esquece sim”

Percebi então que embalado por canções, a gente pode se interessar por poesia, psicologia, arte, história ou pode se interessar em simplesmente rir ou chorar ouvindo aquela canção que toca a alma e o coração. Alguém disse que o poeta é um atleta da dor. Sei lá. Já que o nosso assunto é letra de música, só posso dizer que “eu sou poeta e não aprendi a amar”.

“Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece a outra de imediato”
Caio Fernando de Abreu

Referências


Referências

Atendendo a alguns pedidos, explicarei de forma mais detalhada de onde surgiram as referências que ajudaram a conceber o texto: "Letra e Música". A idéia é levar um pouco mais de informação a quem se interessar por alguma referência e quiser conhecer mais e mais de letra, música e cinema seguindo a ordem que as citações aparecem no texto original.

A música “Preciso dizer que te amo” foi composta em 1986, por Cazuza, Bebel Gilberto e Dé (então baixista do Barão Vermelho). Segundo Bebel que namorava Dé na época, todos compositores estavam apaixonados e Cazuza fez a letra em 30 minutos, com o seguinte refrão: “Preciso dizer que te amo, desentalar esse osso da garganta”. Dé retrucou: “Cazuza, esse refrão tá punk demais” e Cazuza respondeu: “Porra...Dé me avisa quando não estiver bom. Peraí que eu vou mudar”. Passados mais 30 minutos Cazuza reaparece com o novo refrão: “Preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder por engano”.

O que se segue é que Marina Lima, amiga íntima de Cazuza rouba a letra, faz a música e a coloca em seu disco. Um ano depois Cazuza recebe o prêmio Sharp de melhor letrista do ano por “Preciso dizer que te amo” concorrendo com um tal de Chico Buarque. Alguém conhece?

Cássia Eller regravou em 1991 a música “Por enquanto” da Legião Urbana e foi a primeira música de sua carreira que tocou nas rádios. Renato Russo disse que aquela era a melhor regravação de uma música da Legião até então feita e seu comentário alavancou a carreira de Cássia. Ao longo dos anos eles se tornaram amigos e Renato deu um presente para Cássia. A música “1º de julho”. Reza a lenda que Cássia chorou ao ouvir o refrão. E o refrão é a tradução de Cássia, a essência da mulher guerreira, persistente. O refrão é também, a tradução de como Renato Russo era brilhante.

“Since i´ve been loving you” do Led Zepeplin foi composta em 1968 e fazia parte do primeiro disco da banda. Nando Reis escreveu na antiga revista musical Blitz, que Jonh Paul Jones fez a linha de baixo e de teclados ao mesmo tempo. É na minha opinião o vocal mais inspirado e dramático de Plant e o solo mais criativo de Jimmy Page.

“Who wants to live forever” do Queen faz parte do disco “A Kind of Magic” produzido em 1986 para ser trilha sonora do filme: “Highlander – o guerreiro imortal”. Recomendo neste mesmo disco a linda balada “One year of love” do talentoso baixista Jonh Deacon.

Fugindo um pouco às citações do texto “Letra e Música” vou fazer uma indicação. No disco Queen II, de 1974, o auge do experimentalismo da banda, o guitarrista Brian May compôs a balada “White Queen” (só fazer a busca no youtube) com letra e arranjos tocantes. Este disco chamado “Black&White” foi dividido em 2 lados. No lado preto havia só composições de Freddie Mercury, o lado branco só de Brian May. A banda permaneceu junta por 21 anos, porque as forças criativas se equilibravam. Brian era quase tão talentoso quanto Freddie. O baterista Roger Taylor revela em uma entrevista nos anos 80. “Não importa o que aconteça, a gente pode sempre voltar pro Queen, como quem volta pra casa da mãe”.

Na virada de 1977 para 1978 o grupo americano The taste of Money, ganhou o prêmio Grammy, de melhor artista novo com a música “Boogie Oogie Oogie”. Nenhum outro grupo de dance music alcançou tal façanha nos anos 70. Esta música foi uma febre nas discos brasileiras.

Na internet é possível conseguir uma versão de “O que será, que será” com Milton e Chico dividindo os vocais. Na minha opinião é a melhor versão da música. Elis Regina quando conheceu Milton Nascimento em um estúdio em São Paulo disse: “Cara, sua voz é a voz de Deus”. Isso explica um pouco a beleza dessa versão. A poesia de Chico esculpe sentimentos no peito e na alma, basta você ouvir e sentir.

“Quando o sol bater na janela do seu quarto” da Legião Urbana foi regravada em 1999, por Frejat no disco Balada MTV, mas aos meus ouvidos a versão original é imbatível. Gosto é subjetivo.

João Bosco nos anos 80 começa a compor com Abel Silva e é deles a pérola: “O amor quando acontece”. Diferente do que a maioria das pessoas pensa, esta letra não é de Aldir Blanc, o mais constante parceiro de João Bosco.

Com relação a referência que faço sobre “indiferença emotiva” você encontra no livro “Perdas Necessárias” da brilhante Nova Iorquina Judith Viorst, uma completa avaliação da força da perda e de seus efeitos na vida das pessoas. A psicanalista desnuda a vocação humana em manter uma péssima convivência com a perda, algo tão necessário ao nosso crescimento. Agradeço a minha irmã, Dra. Mônica Santos, psicóloga e estudante desta ciência em Barcelona, por me dar este livro e insistir comigo na leitura. Baby, sua partida foi uma perda necessária que trás inúmeros benefícios.

O cinema retrata também de forma profunda e envolvente essa faceta do ser humano. Recomendo o filme “Fatal” com Penélope Cruz e Ben Kingseley em atuação magistral. É ver para crer...

Por fim “Malandragem” de Cazuza e Frejat foi composta em 1988 e dada de presente para Ângela Rô Rô. Aproximadamente 5 anos mais tarde, Frejat estava conhecendo o trabalho de uma então desconhecida cantora chamada Cássia Eller e resolve lhe presentear com a referida música. Frejat liga então pra Ângela Rô Rô e travam o seguinte diálogo:

- “Ângela... é Frejat. Você vai gravar ou não Malandragem? Já se passaram tantos anos... tô achando essa música a cara de uma nova artista.”
- Rô Rô replica: “Ohhh Frejat, Cazuza não te falou não?
- Frejat: “Não... Cazuza não me disse nada!”
- Rô Rô: “Eu achei essa música uma merda Frejat!!! Faz o seguinte: dá pra quem você quiser e faça bom proveito”.

O resto dessa história todo mundo conhece! A letra é um tanto comum. A música é um rock vibrante, o refrão é quase genial e a vida, a vida é mesmo surpreendente...

Eclipse


Acho que a essência da poesia Eclipse ilustra os textos: "Letra e Música" e "Referências". Afinal a "vida entra, não pede passagem"


ECLIPSE

Hoje o eclipse não é oculto
Como na canção de Caetano
Denuncia o pecado mais sagrado
Não é uma questão de sorte
Ás vezes o amor
Assusta mais do que a morte

Na madrugada
O eclipse pintou um quadro
Que eu retoco com o meu olhar
Deixou o céu escuro
Como a taça cheia de vinho
Uma beleza que embriaga

Olhando pela janela
O eclipse me deixou criança
Com a coragem de sentir medo
Embalou meus sonhos pra viagem
Mas a vida entra, não pede passagem

Hoje o eclipse tirou o brilho da lua
Refletindo em mim o pecado mais sagrado
Não é uma questão de sorte
Ás vezes o amor
Assusta mais do que a morte