segunda-feira, 18 de maio de 2009

Referências


Referências

Atendendo a alguns pedidos, explicarei de forma mais detalhada de onde surgiram as referências que ajudaram a conceber o texto: "Letra e Música". A idéia é levar um pouco mais de informação a quem se interessar por alguma referência e quiser conhecer mais e mais de letra, música e cinema seguindo a ordem que as citações aparecem no texto original.

A música “Preciso dizer que te amo” foi composta em 1986, por Cazuza, Bebel Gilberto e Dé (então baixista do Barão Vermelho). Segundo Bebel que namorava Dé na época, todos compositores estavam apaixonados e Cazuza fez a letra em 30 minutos, com o seguinte refrão: “Preciso dizer que te amo, desentalar esse osso da garganta”. Dé retrucou: “Cazuza, esse refrão tá punk demais” e Cazuza respondeu: “Porra...Dé me avisa quando não estiver bom. Peraí que eu vou mudar”. Passados mais 30 minutos Cazuza reaparece com o novo refrão: “Preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder por engano”.

O que se segue é que Marina Lima, amiga íntima de Cazuza rouba a letra, faz a música e a coloca em seu disco. Um ano depois Cazuza recebe o prêmio Sharp de melhor letrista do ano por “Preciso dizer que te amo” concorrendo com um tal de Chico Buarque. Alguém conhece?

Cássia Eller regravou em 1991 a música “Por enquanto” da Legião Urbana e foi a primeira música de sua carreira que tocou nas rádios. Renato Russo disse que aquela era a melhor regravação de uma música da Legião até então feita e seu comentário alavancou a carreira de Cássia. Ao longo dos anos eles se tornaram amigos e Renato deu um presente para Cássia. A música “1º de julho”. Reza a lenda que Cássia chorou ao ouvir o refrão. E o refrão é a tradução de Cássia, a essência da mulher guerreira, persistente. O refrão é também, a tradução de como Renato Russo era brilhante.

“Since i´ve been loving you” do Led Zepeplin foi composta em 1968 e fazia parte do primeiro disco da banda. Nando Reis escreveu na antiga revista musical Blitz, que Jonh Paul Jones fez a linha de baixo e de teclados ao mesmo tempo. É na minha opinião o vocal mais inspirado e dramático de Plant e o solo mais criativo de Jimmy Page.

“Who wants to live forever” do Queen faz parte do disco “A Kind of Magic” produzido em 1986 para ser trilha sonora do filme: “Highlander – o guerreiro imortal”. Recomendo neste mesmo disco a linda balada “One year of love” do talentoso baixista Jonh Deacon.

Fugindo um pouco às citações do texto “Letra e Música” vou fazer uma indicação. No disco Queen II, de 1974, o auge do experimentalismo da banda, o guitarrista Brian May compôs a balada “White Queen” (só fazer a busca no youtube) com letra e arranjos tocantes. Este disco chamado “Black&White” foi dividido em 2 lados. No lado preto havia só composições de Freddie Mercury, o lado branco só de Brian May. A banda permaneceu junta por 21 anos, porque as forças criativas se equilibravam. Brian era quase tão talentoso quanto Freddie. O baterista Roger Taylor revela em uma entrevista nos anos 80. “Não importa o que aconteça, a gente pode sempre voltar pro Queen, como quem volta pra casa da mãe”.

Na virada de 1977 para 1978 o grupo americano The taste of Money, ganhou o prêmio Grammy, de melhor artista novo com a música “Boogie Oogie Oogie”. Nenhum outro grupo de dance music alcançou tal façanha nos anos 70. Esta música foi uma febre nas discos brasileiras.

Na internet é possível conseguir uma versão de “O que será, que será” com Milton e Chico dividindo os vocais. Na minha opinião é a melhor versão da música. Elis Regina quando conheceu Milton Nascimento em um estúdio em São Paulo disse: “Cara, sua voz é a voz de Deus”. Isso explica um pouco a beleza dessa versão. A poesia de Chico esculpe sentimentos no peito e na alma, basta você ouvir e sentir.

“Quando o sol bater na janela do seu quarto” da Legião Urbana foi regravada em 1999, por Frejat no disco Balada MTV, mas aos meus ouvidos a versão original é imbatível. Gosto é subjetivo.

João Bosco nos anos 80 começa a compor com Abel Silva e é deles a pérola: “O amor quando acontece”. Diferente do que a maioria das pessoas pensa, esta letra não é de Aldir Blanc, o mais constante parceiro de João Bosco.

Com relação a referência que faço sobre “indiferença emotiva” você encontra no livro “Perdas Necessárias” da brilhante Nova Iorquina Judith Viorst, uma completa avaliação da força da perda e de seus efeitos na vida das pessoas. A psicanalista desnuda a vocação humana em manter uma péssima convivência com a perda, algo tão necessário ao nosso crescimento. Agradeço a minha irmã, Dra. Mônica Santos, psicóloga e estudante desta ciência em Barcelona, por me dar este livro e insistir comigo na leitura. Baby, sua partida foi uma perda necessária que trás inúmeros benefícios.

O cinema retrata também de forma profunda e envolvente essa faceta do ser humano. Recomendo o filme “Fatal” com Penélope Cruz e Ben Kingseley em atuação magistral. É ver para crer...

Por fim “Malandragem” de Cazuza e Frejat foi composta em 1988 e dada de presente para Ângela Rô Rô. Aproximadamente 5 anos mais tarde, Frejat estava conhecendo o trabalho de uma então desconhecida cantora chamada Cássia Eller e resolve lhe presentear com a referida música. Frejat liga então pra Ângela Rô Rô e travam o seguinte diálogo:

- “Ângela... é Frejat. Você vai gravar ou não Malandragem? Já se passaram tantos anos... tô achando essa música a cara de uma nova artista.”
- Rô Rô replica: “Ohhh Frejat, Cazuza não te falou não?
- Frejat: “Não... Cazuza não me disse nada!”
- Rô Rô: “Eu achei essa música uma merda Frejat!!! Faz o seguinte: dá pra quem você quiser e faça bom proveito”.

O resto dessa história todo mundo conhece! A letra é um tanto comum. A música é um rock vibrante, o refrão é quase genial e a vida, a vida é mesmo surpreendente...

4 comentários:

  1. Bom, vou fazer uma critica: pra que contar de onde surgem as idéias mirabolantes que fazem vc criar esses textos deliciosos? Esconde o jogo garoto! Tá certo q tem história bakana aí (a do frejat e ro ro é ótima) mas eu como leitora prefiro saber apenas referências e não dos detalhes! O segredo é alma do negócio. Beijo Bjota. Flora Kruger

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  2. Ah, Flora, eu gostei de saber das histórias. Mas achei que o post ficou longo, a gente poderia ficar sabendo das histórias aos poucos, em vários posts, que surgiriam nos momentos de "ressaca inspiradora" de nosso autor... rs

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  3. Ei Celina! Prazer, sou a Flora. Vou mudar de opinião e concordar com vc. O Bjota podia colocar as histórias (todas interessantes) em vários post´s pra despertar na gente uma certa dose de curiosidade. Vc tem toda razão! O pos´t ficou longo, mas eu li 2 vezes já. rs... beijos. Flora Kruger.

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  4. Adorei as meninas! E o Dra Mônica foi o melhor! Saudade é uma palavra que só existe em portugues e muitas vezes ela implica em perda. Perder, dói mas é seguro que quando a gente perde a gente ganha. Não nos damos conta disso.É inevitável... "a estrada do desenvolvimento humano é pavimentada com renúncia".

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