terça-feira, 11 de agosto de 2009

Blues das Lembranças


BLUES DAS LEMBRANÇAS é uma das letras mais antigas que ainda tenho guardada no "baú". Há 13 anos eu estava numa tarde cinzenta e chuvosa, catando os cacos de um coração partido e sem porto seguro, escutando o recém lançado disco do BARÃO VERMELHO - "Carne Crua", quando de repente fui tocado pelo blues visceral e inspiradíssimo, chamado: "Superfície do Beijo". Salve Roberto Frejat - o "brou" como dizia Cazuza.

Era a história de um rapaz que via "encantos escondidos em certas pessoas, especiais como ela no seu jeito de se entregar". E a letra seguia antes do refrão dizendo:

"e eu que não esqueço das longas noites no Leblon: olhos, bocas, pés e tudo mais ... muito acima do chão".

O blues é um gênero genuinamente melancólico, de despedida, partida, insatisfação, eu vivia todos esses sentimentos naquele período, como reflexo deste OCEANO de sensações criei o BLUES DAS LEMBRANÇAS (se me LEMBRO bem) em exatos 15 minutos. Embora blusera e triste (diferente do meu atual estado de espírito) essa é sem dúvida uma das letras que mais gosto pela força das imagens poéticas e sobretudo por terminar com uma mensagem de esperança, uma forma não muito utilizada nas letras de blues.

LEMBRANDO daquela época, passando por outras dores e amores e chegando até o presente momento, fui percebendo com o passar dos anos que nada ou ninguém escapa das garras afiadas do tempo, que como navalha reduz a dor ou a saudade a fragmentos. A gente pode até ter pressa em apagar da memória cortes que marcam o coração, mas: "o tempo não tem mesmo pressa" E é ele quem dita as regras!




BLUES DAS LEMBRANÇAS

Se lembra da nossa despedida
Tão sem graça
Eu por cima
Você por baixo
Me dizendo deixa que eu faço
Qual foi o nosso problema?
Tempo de sobra ou falta de tempo

Eu lembro de você
Testando meu sexo iniciante
Me ensinando a ser amante
Fomos ingênuos
Quisemos correr contra o tempo
Mas o tempo não tem pressa
Paciência nesse jogo, é a principal peça

Baby ...que pena as coisas serem como são
E não do jeito que a gente quer
Seja como for
Eu gosto de você, como você é

Eu lembro da gente
Presos um ao outro
Como um detento no presídio
Longe da cura
A meio metro do perigo

Eu não sinto falta das lembranças
Não se esqueça ainda somos crianças
Ciclo, curso, rumo
O rótulo não tem importância
A gente acaba se encontrando
O tempo não tem mesmo pressa


Bjota

Um comentário:

  1. Todos temos um "blues das lembranças" que, às vezes, queremos lembrar apenas como uma parte satisfatória da nossa vida , outras , não fazemos a mínima questão de trazer a tona sentimentos reprimidos de um passado desastroso!Cada um sabe onde lhe aperta o sapato =)

    Beijão
    Ana

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